A missão do Esperanto no Terceiro Milênio

 

Página psicografada pelo médium
Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 8 de setembro de 1999,
no Centro Espírita Caminho de Redenção, em Salvador, Bahia. Publicada no “SEI”
de 8/10/1999 (nº 1.644) e reimpressa em Reformador, fevereiro d
e 2000, FEB.

No crepúsculo deste século e
milênio, as dores se acumulam sobre o dorso da Humanidade sofrida, chibateando
as vidas que se estiolam, ao tempo que sucumbem os nobres ideais de
dignificação e de liberdade.

Desastres inomináveis e
cataclismos horrendos sucedem-se, desarvorando nações e ceifando esperanças que
são substituídas pela loucura que varre o planeta em todas as direções.

A tirania absurda e os crimes
hediondos cavalgam sobre a sociedade, conduzindo ao aniquilamento cidades e
povos que estertoram sob o despotismo insano dos vândalos que se permitem à dominação
arbitrária.



A corrupção desmedida nivela os
governos, que se deveriam caracterizar pela dignidade, aos criminosos que
fingem combater.

A volúpia pelo poder, pelo
armazenar de valores transitórios que passam de mãos, envilece os sentimentos
humanos e as paixões inferiores desbordam em caudal desenfreado.

Os elevados contributos do
progresso, que deveriam ser utilizados para a glorificação do ser humano, são
aplicados para a extravagância de alguns indivíduos torpes e a exorbitância de
outros, ante o olhar esgazeado dos miseráveis que os espiam famélicos e
enfermos, esquecidos em inominável abandono.

A insensatez e o descalabro
erguem seus monumentos à infâmia, enquanto as massas rebolcam nos sorvedouros
das necessidades mais prementes, sem oportunidades de conseguirem alguma coisa.

Em toda parte da Terra, a
perversão abraça a indiferença das Leis, as guerras e carnificinas cruéis
campeiam desarvoradas e as tentativas de paz, mediante acordos sucessivos, que
são logo desrespeitados, abrem espaço para novos terríveis conflitos.

Ameaças de destruição do planeta
pairam em todo lugar sob o clamor da violência asselvajada e dos expressivos
grupos de extermínio de pessoas, sob os camartelos da ignorância e da ausência
de amor.

O século da ciência e da tecnologia,
com todas as suas glórias e conquistas incomparáveis, infelizmente sombreia-se
com nuvens espessas de fumo e de poeira dos incêndios de ódios e das
destruições de toda ordem.

As grandiosas realizações da
cultura e da civilização parecem ceder lugar ao galopar desenfreado da barbárie
de volta e ao aplauso do cinismo…

Não obstante, simultaneamente,
estuam o dever e a solidariedade, o sacrifício e a abnegação, a educação e o
amor, o desenvolvimento ético-moral e a esperança, porque o ser humano marcha inexoravelmente
no rumo da Grande Luz.

Os ideais da Liberdade, da
Fraternidade e da Igualdade, permanecem triunfantes, embora pouco conhecidos,
aguardando o momento de transformarem para melhor a sociedade terrestre, que
avança na busca da felicidade.

Lentamente, os direitos
humanos
são reanalisados e levados em consideração por homens, mulheres e
Organizações internacionais que confiam no processo da evolução moral dos
seres, exigindo respeito, em infatigável esforço para banirem a intolerância,
os preconceitos mesquinhos e o totalitarismo, como quer que se apresentem.

O sol da Nova Era surge na imensa
noite, conforme previsto por Jesus-Cristo, que ora se legitima.

O Evangelho, que não foi vivido
na sua pureza primitiva por aqueles que se comprometeram apresentá-lo à
humanidade através dos tempos, face à astúcia e ao primarismo de que eram
portadores, que exploraram a credulidade e a ignorância, poderia ter evitado a
hecatombe que ora se abate sobre o mundo, após os séculos de silêncio e da
morte dos heróis sacrificados. Mas ressurge na mensagem do Espiritismo, que o
atualiza, conforme o pensamento científico do momento, preparando o advento da
nova sociedade.

Fincando suas bases na
investigação dos fatos, o Espiritismo libera a Boa Nova das peias dogmáticas e
das influências medievais que ainda remanescem nas igrejas que se propõem
divulgá-la, interpretando-lhe o conteúdo incomparável de forma consentânea com
as conquistas hodiernas, para oferecê-lo às criaturas como diretriz de
segurança e de felicidade.

O século, porém, de Allan Kardec,
também viu nascer Zamenhof, que deveria contribuir para a derrubada das
fronteiras lingüísticas, que tanto separam os seres humanos e os afligem,
limando as diferenças internacionais e facultando mais seguro intercâmbio de
pensamento e de valores ideológicos entre todos os homens sob a dadivosa
misericórdia do Pai Criador.

Acompanhando as tragédias
resultantes dos conflitos lingüísticos e raciais, na sua Bialystock natal,
sofrida e necessitada, sentiu, no mais profundo do ser, o imperioso dever de
modificar a situação insuportável que predominava então, mergulhando o
pensamento na memória profunda onde se encontrava arquivada a língua
internacional – Esperanto – que conhecera no Mais Além e, trabalhando, sem
cansaço, em 1887 apresentou-a como sendo um sublime elo para a união de todos
os povos, de todas as classes sociais, de todas as pessoas do mundo.

A trilogia abençoada, em forma de
um triângulo eqüilátero: – Evangelho, Espiritismo e Esperanto – encerraria a
mensagem de Jesus, simples e inconfundível, a Doutrina dos Espíritos, profunda
e clara, e o idioma da fraternidade, para unir todos os seres humanos em uma só
família.

Língua neutra, que respeita o
idioma de cada Nação, é o traço de perfeita identificação entre os mais
diversos, favorecendo mentes e corações com harmonia e compreensão lúcida,
desse modo ampliando os horizontes da cultura e do amor entre os povos.

Anunciando-se o novo milênio
entre as sobras que já começam a esboroar-se, o Esperanto permanece com a missão
de unir os homens fraternalmente, graças à facilidade da comunicação que
oferece, à sua simplicidade gramatical, exatamente quando o Evangelho, lenindo
as dores gerais, prepara-los-á para os avanços que o Espiritismo oferece na
conquista do Infinito.

Atingindo as culminâncias do
progresso científico-tecnológico neste esfumar de século, esse que se avizinha
irradiará arte e beleza sobre a Terra renovada e feliz, quando o Esperanto,
vencendo a tenaz resistência dos povos ambiciosos e apaixonados, assim como das
nações que não alteram o orgulhoso sonho da prepotência em relação às outras,
abriu lugar à vigência da língua internacional, que flui do Céu na direção da
Terra e se elevará do mundo em canto incomparável de encantamento no rumo do
Infinito.

 

Ismael Gomes Braga

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