CONVIVÊNCIA FAMILIAR EM TEMPOS DE PANDEMIA

CONVIVÊNCIA FAMILIAR EM TEMPOS DE PANDEMIA

Em dezembro de 2019, sem que o mundo esperasse, uma enfermidade desconhecida acometeu a humanidade, gerando a pandemia da Covid-19, também conhecida como pandemia do Coronavírus.

            Medidas de prevenção e controle do contágio foram tomadas em todos os países do Mundo, ainda que não fosse possível mensurar a efetividade de tais providências. Esta mudança de contexto provocou a necessidade de diversas adaptações, como o uso de máscara; a higienização constante com álcool em gel das mãos e dos produtos adquiridos no comércio; bem como a restrição de eventos e de circulação nos diversos ambientes sociais, culminando no chamado isolamento social.

O incentivo para que a população permanecesse em casa, tendo em vista que aglomerações poderiam piorar a velocidade de alastramento da doença, fez com que diversas famílias passassem a conviver mais estreitamente em seus lares.

Para muitas famílias, esse tempo juntos fez com que os laços de amor e harmonia se fortalecessem. Para outras, no entanto, conflitos recrudesceram e determinados problemas de convivência se evidenciaram.

A família, conforme elucida Joanna de Angelis, na obra Estudos Espíritas, cap. 24, é um agrupamento de Espíritos com caracteres semelhantes, resultado de agregações afins. O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 14,  nesse sentido, afirma que formam famílias aqueles Espíritos que possuem gostos análogos, bem como uma identidade do progresso moral e estreitamento de afeições. Ao longo das reencarnações, estes Espíritos se buscam, se atraem, dando origem às famílias terrenas.

Nem sempre, entretanto, as afinidades que unem os membros familiares provêm de caracteres positivos. As dificuldades morais que os indivíduos trazem como bagagem de suas reencarnações pregressas também os unem em afinidade, donde surgem famílias repletas de problemas e ajustes a serem realizados.

Algumas dificuldades no lar, identificadas neste período da pandemia, porém, nem sempre advêm de reencarnações pregressas. Essa necessidade de ajustes pode se manifestar em termos de organização da rotina, onde se percebe que muitas famílias ainda não conseguiram se adaptar ao novo contexto.

Ana Luiza Silva, mãe de três crianças, relatou que a rotina com os pequenos não está sendo fácil. A família reside em um apartamento de 58m², em Belo Horizonte (MG), e as crianças têm tido dificuldade de ficarem apenas no ambiente doméstico. “Evitamos descer para o parquinho, pelo risco de contaminação, mas tem dias que penso que as crianças irão derrubar o apartamento, tamanha a energia que elas têm”, afirmou a entrevistada.

O esposo de Ana Luiza é enfermeiro, fato que deixa a família ainda mais alerta quanto aos cuidados que devem ser tomados, e a mãe revela que tem ficado ansiosa neste período. No entanto, Ana Luiza afirma que o Culto do Evangelho no Lar é um santo remédio para a agitação dos filhos.

Todos os dias, antes de dormir, ela lê uma história de um livro infantil e realiza a oração com os pequenos, além do culto em família, que é realizado aos sábados. “É como se um bálsamo descesse sobre meus filhos; eles dormem mais calmos, ainda que o dia tenha sido agitado. Assim, nos preparamos de maneira mais eficiente para as batalhas do dia seguinte”, revelou, sorrindo, apesar da exaustão em que afirma se encontrar.

“O Culto do Evangelho no Lar é uma reunião da família, em dia e horário fixos, pelo menos uma vez por semana, para o estudo do Evangelho de Jesus à luz da Doutrina Espírita e a oração em conjunto.” https://globaljesus.net/

Cristiano Gomes, colaborador do Instituto do Esclarecimento e Família no Centro Espírita Irmão Áureo, de Goiânia (GO), contou ao Jornal Espírita Auta de Souza o quanto a realização dos cultos nos lares, pela Casa Espírita, de maneira virtual, tem feito diferença positiva no convívio familiar das pessoas que solicitam esse apoio. “Muitas mães nos afirmam que o culto que realizamos com elas, no sábado pela manhã, tem dado forças para que elas passem pelas dificuldades de convivência no lar, pois muitas delas vivem conflitos conjugais e com os filhos”, relatou.

Lívia Sousa relatou que não está conseguindo participar de todas as atividades da Mocidade Espírita, em virtude dos estudos para o vestibular, mas que carrega consigo os ensinamentos aprendidos no Centro Espírita e tenta aplicá-los no convívio familiar. “Em casa, divido meu tempo entre os estudos e os afazeres domésticos, procuro servir aos meus país, para não pesar para ninguém. Lavar uma louça, não reclamar do isolamento, recolher o lixo, enfim, são coisas que não espero eles pedirem. Tudo isso ameniza o convívio e une a família”, disse a jovem.

O estímulo à cooperação mútua, o esforço pela união familiar, a realização do Culto do Evangelho no Lar, todas essas são medidas que contribuem, sobremaneira, para a harmonia no recinto doméstico em tempos de pandemia e sempre.

Que as palavras de Emmanuel, expressas no livro Fonte Viva, cap. 156, possam calar fundo nos corações dos leitores, fomentando o estreitamento dos laços de amor entre os membros de suas famílias: “Somente adestrando paciência e compreensão, tolerância e bondade, na praia estreita do lar, é que nos habilitaremos a servir com vitória, no mar alto das grandes experiências”.

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